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O filme sobre o ‘Woodstock brasileiro’, ocorrido em pleno regime militar

  • Publicado: Terça, 12 de Junho de 2018, 13h38
  • Última atualização em Terça, 12 de Junho de 2018, 14h00

Camilo Rocha 11 Jun 2018 (atualizado 11/Jun 15h45)

Festival de rock organizado pelo jornalista Nelson Motta e realizado no litoral fluminense é tema do documentário ‘Som, Sol & Surf - Saquarema’

FOTO: REPRODUÇÃO


RITA LEE DURANTE APRESENTAÇÃO NO FESTIVAL EM SAQUAREMA

“Beber era coisa de velho”, lembra uma das entrevistadas do documentário “Som, Sol & Surf - Saquarema”. Em 1976, a cidade de Saquarema, no litoral fluminense, se tornou um território jovem autônomo por alguns dias, onde valeram as regras de uma sociedade alternativa movida a maconha, LSD, surfe e rock’n’roll. Com 10 mil habitantes, Saquarema sediou o que foi talvez o primeiro festival de rock ao ar livre do Brasil. Organizado pelo produtor Nelson Motta, o evento fugiu da cidade grande para proporcionar um ambiente mais livre e pouco policiado. Por isso, mesmo com a ditadura militar em vigor, foi possível acontecer o que muitos apelidaram de “Woodstock brasileiro”. No mesmo fim de semana, aconteceria na cidade também o 2º Campeonato de Surf brasileiro, de onde sairia um representante brasileiro para competir no Havaí. A ideia de Motta era aproveitar a presença do público do surfe para impulsionar o número de frequentadores do festival.

FOTO: REPRODUÇÃO

CENA DO DOCUMENTÁRIO 'SOM, SOL & SURF - SAQUAREMA', DIRIGIDO POR HÉLIO PITANGA

Assim como ocorreu na pequena cidade do estado de Nova York onde aconteceu o lendário festival hippie, a pacata Saquarema ganhou então entre 20 e 30 mil habitantes, de uma hora para outra. “Faltou água e faltou comida, segundo o prefeito da cidade na época, que é entrevistado no filme”, explicou ao Nexo o diretor do documentário, Hélio Pitanga.  “Som, Sol & Surf - Saquarema” vem circulando em festivais como o In-Edit 2018, em São Paulo, especializado em documentários de música. A maior parte das imagens são da época, feitas em 16 milímetros por uma equipe contratada por Motta para registrar o evento. Um longo temporal cancelou a primeira noite do evento de acontecer e derrubou o muro que o cercava. Na segunda noite, o tempo firmou, mas não havia como impedir a multidão de entrar sem pagar. A organização teve de arcar com um enorme prejuízo, e a equipe de filmagem do diretor Gilberto Loureiro estava entre os fornecedores que não recebeu. As latas com os filmes foram preservadas por Loureiro. Em 2004, Pitanga tomou conhecimento do material e iniciou um longo trabalho de restauro. O documentário também traz depoimentos atuais de personagens da história, de figuras envolvidas com o evento como Nelson Motta e Liminha (que tocou na banda de Raul Seixas) a pessoas do público, que o diretor encontrou por meio das redes sociais. Além de Raul, a escalação do evento de três dias contou com Rita Lee, Angela Ro Ro, Made In Brazil, Ronaldo Resedá, Zé da Gaita e Bixo da Seda.

Fonte: NEXO, 11/06/2018
Disponível em: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/06/11/O-filme-sobre-o-%E2%80%98Woodstock-brasileiro%E2%80%99-ocorrido-em-pleno-regime-militar

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