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Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos fará buscas por corpos no Parque Nacional do Iguaçu

  • Publicado: Segunda, 21 de Mai de 2018, 15h23
  • Última atualização em Segunda, 21 de Mai de 2018, 16h56

Comitiva procura vestígios dos restos mortais de cinco perseguidos políticos no governo de Ernesto Geisel assassinados em uma emboscada em 1974

Por Fabiula Wurmeister, G1 PR, Foz do Iguaçu
18/05/2018 17h05 Atualizado 18/05/2018 17h37

Aluízio Palmar em uma das buscas pelos corpos que teriam sido enterrados em uma vala comum às margens da Estrada do Colono, no Parque Nacional do Iguaçu (Foto: Arquivo Pessoal)
 

Integrantes da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos (Cemdp) farão buscas no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná, a partir de terça-feira (22). O grupo de trabalho é ligado à Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

O objetivo da comitiva composta por 11 pessoas é identificar vestígios dos corpos de cinco perseguidos políticos da ditadura militar assassinados em uma emboscada em julho de 1974, quando o país era comandado pelo general Ernesto Geisel.

No trabalho que deve se estender por dois dias serão usados detectores de metais. O equipamento pode ajudar a identificar cartuchos de balas usadas na execução das vítimas e com isso localizar onde foram enterradas.

A equipe de legistas será coordenada pelo médico-perito do Instituto Médico-Legal (IML) de Brasília (DF), Samuel Ferreira.

 

“Precisamos colocar um fim nesta história”, comentou a presidente da comissão, Eugênia Gonzaga.

 No grupo atraído pelo ex-sargento da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, Alberi Vieira dos Santos, estavam os irmãos Joel José e Daniel José de Carvalho, José Lavéchia, Victor Carlos Ramos e o argentino Enrique Ernesto Ruggia, militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR).

“Quase 44 anos depois se aprende a controlar a ansiedade em relação às expectativas. Mas, sempre renovamos a esperança em momentos como este. Nunca a perdemos. É por isso que depois de tanto tempo sigo exigindo do governo que devolva os corpos aos familiares e que os responsáveis sejam julgados”, comentou Lilian Ruggia, irmã de Enrique Ernesto, que na época tinha 18 anos.

 

De acordo com as investigações, o grupo atraído pelo ex-sargento Alberi Vieira dos Santos foi morto no dia 13 de julho de 1974 (Foto: Reprodução)

 

Emboscada

Investigações feitas pelo jornalista Aluízio Palmar, ex-perseguido político que também recebeu o convite que acabou na execução do grupo, apontam que eles foram mortos em um trecho da antiga Estrada do Colono, que cortava o parque entre os municípios de Medianeira e Capanema.

A história é contada no livro "Onde foi que vocês enterraram nossos mortos?", publicado em 2005.

Desde que começou a apurar o que havia acontecido com os cinco, Palmar fez três buscas em locais indicados por testemunhas da emboscada. Em nenhuma foram encontradas pistas de onde estariam os corpos.

As mortes foram confirmadas pelos depoimentos do soldado Otávio Camargo, militar do Centro de Informações do Exército (CIE), que dirigia o carro que levou o grupo para o Parque Nacional do Iguaçu, e do coronel Paulo Malhães, um dos coordenadores da operação.

Eles foram oficialmente considerados desaparecidos políticos em 2003 pela Cemdp. Um ano depois, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) reforçou a condição, o que garantiu uma reparação financeira às famílias.

Relatório da Cia

O assunto voltou à tona depois da divulgação de um memorando elaborado pela CIA que relata uma reunião entre o ex-presidente Ernesto Geisel e outros militares em que o general autorizava execuções de opositores da ditadura militar.

"Em 1º de abril, o presidente Geisel disse ao general Figueiredo que a política deve continuar, mas deve-se tomar muito cuidado para assegurar que apenas subversivos perigosos fossem executados", diz o documento.

 Fonte: Fabiula Wurmeister, G1 PR, Foz do Iguaçu, 18/05/2018

 
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