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CIA revela que Geisel autorizou execuções de presos políticos

  • Publicado: Quinta, 10 de Mai de 2018, 16h45
  • Última atualização em Quinta, 10 de Mai de 2018, 16h47

Segundo pesquisador da FGV que localizou memorando, o documento 'é a evidência mais direta do envolvimento da cúpula do regime com a política de assassinatos'

© Yuri Gripas/Reuters

 

HÁ 25 MINS POR NOTÍCIAS AO MINUTO

Um memorando da CIA mostra que o ex-presidente Ernesto Geisel autorizou a execução de centenas de opositores políticos durante a ditadura militar no Brasil. O documento foi elaborado pelo ex-diretor da agência de inteligência civil do governo dos Estados Unidos, William Egan Colby, em 11 de abril de 1974, e destinado ao então Secretário de Estado dos EUA, Henry Kissinger.

O texto descreve um encontro que aconteceu em 30 de março de 1974 entre o então presidente Ernesto Geisel com os generais Milton Tavares de Souza e Confúcio Danton de Paula Avelino, os chefes de saída e chegada do Centro de Inteligência do Exército (CIE), respectivamente. Também estava na reunião o general João Baptista Figueiredo, chefe do Serviço Nacional de Inteligência (SNI), que sucedeu Geisel na presidência em 1979.

De acordo com o documento, o general Milton Tavares de Souza informou a Geisel sobre a execução sumária de 104 pessoas pelo CIE durante o governo do presidente Emílio Garrastazu Médici. O militar pede autorização para continuar com a “política” de extermínio.

O texto descreve ainda que o general Milton Tavares “enfatizou que o Brasil não pode ignorar a ameaça subversiva e terrorista e disse que métodos extra-legais devem continuar a ser empregados contra subversivos perigosos. A este respeito, o General Milton disse que cerca de 104 pessoas nesta categoria foram sumariamente executadas pela CIE durante os anos anteriores (1973), aproximadamente. Figueiredo apoiou essa política e insistiu em sua continuidade”.

No encontro, Geisel pediu para pensar durante o final de semana. E em 1º de abril, o presidente teria informado ao general Figueiredo que a “política deveria continuar”, mas que “apenas subversivos perigosos fossem executados”. Ambos combinaram que as execuções deveriam ser aprovadas por Figueiredo.

“Quando a CIE prender uma pessoa que possa se enquadrar nessa categoria, o chefe da CIE consultará o general Figueiredo, cuja aprovação deve ser dada antes que a pessoa seja executada. O Presidente e o General Figueiredo também concordaram que a CIE deve dedicar quase todo o seu esforço à subversão interna, e que o esforço geral da CIE será coordenado pelo General Figueiredo.”

Segundo O Globo, o memorando foi localizado pelo pesquisador de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas Matias Spektor. “É a evidência mais direta do envolvimento da cúpula do regime (Médici, Geisel e Figueiredo) com a política de assassinatos”, afirma o pesquisador.

A rede americana que possui os documentos informou que uma cópia vai ser disponibilizada ao Secretário de Estado Adjunto para Assuntos Interamericanos. Hoje, a descrição do conteúdo pode ser vista no site de documentos históricos americanos e o original está na CIA.

Fonte: Notícias ao Minuto, 10/05/2018

Disponível em: https://www.noticiasaominuto.com.br/brasil/589623/cia-revela-que-geisel-autorizou-execucoes-de-presos-politicos 

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