Comissão da Verdade conclui que seis alagoanos foram mortos pela ditadura
Trabalho do colegiado apontou também que outros três seguem desaparecidos até hoje, sem os corpos terem sido localizados
Comissão aponta mortos e desaparecidos durante a ditadura
A Comissão Estadual da Memória e Verdade Jayme Miranda concluiu os trabalhos e entregou um relatório, nesta quinta-feira (31), após quatro anos de investigação. Os trabalhos apontaram que seis alagoanos morreram vítimas de ações do regime militar no Brasil. As mortes ocorreram nas cidades do Recife, São Paulo e Rio de Janeiro. As diligências projetam também que três alagoanos seguem desaparecidos, visto que até agora os corpos não foram localizados. O número de vítimas pode aumentar, já que a investigação em Alagoas enfrentou dificuldades por falta de apoio das instituições públicas estaduais.
De acordo com o secretário da comissão, advogado Everaldo Patriota, o relatório que foi protocolado no Gabinete Civil nesta quinta traz um cenário parcial do que realmente aconteceu com alguns dos alagoanos que desapareceram durante o período militar. Patriota destacou que, apesar de todo o empenho dado pelos voluntários, faltou apoio para tocar as investigações necessárias. O resultado será enviado para universidades, centros de pesquisas, bibliotecas e diversas instituições do Brasil e do mundo.
A comissão concluiu que os alagoanos Odijas Carvalho de Souza, José Dalmo Guimarães Lins, José Gomes Teixeira, Gastorne Beltrão, Manoel Lisboa de Moura e Manoel Fiel Filho foram assassinados por integrantes do regime militar. O material também apontou que Jayme Amorim de Miranda, Túlio Roberto Cardoso e Luiz Almeida Araújo seguem desaparecidos até hoje, sem a localização dos respectivos corpos.
Instituído em 2013, o colegiado colheu 64 depoimentos de sobreviventes e familiares de vítimas, realizando visitas aos estados de Pernambuco, São Paulo e Rio Grande do Sul. Nestas cidades, a comissão coletou dados e informações que substanciaram o relatório entregue ao Gabinete Civil. O relatório descreve ainda todos os políticos que foram afastados das funções públicas a mando do regime militar, a exemplo do prefeito de Maceió à época, Sandoval Cajú, entre outras figuras públicas.
"Neste ano, Alagoas comemora 200 anos de história e acredito que não se pode apagar da memória toda essa narrativa, pelo contrário. Devemos resgatar os seus fatos registrados nestes dois séculos para que os eventos trágicos acontecidos como estes nunca mais voltem a ocorrer", sentenciou Everaldo Patriota.
Em 2011, foi criada pela lei 12.528 a Comissão Nacional da Verdade, com o objetivo de "apurar graves violações de direitos humanos ocorridas entre 18 de setembro de 1946 e 5 de outubro de 1988". Instituída em maio de 2012, quase trinta anos depois do fim da ditadura, veio investigar os crimes de agentes do Estado contra cidadãos que lutaram contra a repressão. Em Alagoas, os trabalhos começaram apenas em 2013.
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