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Mostra propõe debate sobre a ditadura militar no Estado

  • Publicado: Quarta, 28 de Junho de 2017, 12h36
  • Última atualização em Quarta, 28 de Junho de 2017, 12h37

"Fissuras", de Rafael Pagatini, tem visitação aberta ao público até o dia 1º de setembro

Estimular um debate sobre o processo de modernização do Espírito Santo e as relações com o regime militar. Esta é a proposta da exposição “Fissuras”, do artista plástico Rafael Pagatini, que será aberta nesta quarta-feira, dia 28, às 19h, na Galeria de Arte Espaço Universitário, na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes).

A mostra é resultado de três anos de pesquisa realizada por Pagatini, gaúcho de Caxias do Sul, mas morador de Vitória desde 2013, quando começou a dar aula nos cursos de Artes Plásticas e Artes Visuais, na Ufes.

Para tentar entender o contexto histórico do Espírito Santo, o artista dedicou-se a analisar documentos do Arquivo Público estadual e de anúncios publicados em jornais e revistas de grande circulação na época da ditadura militar.

A exposição reúne obras em xilogravura e fotografias, além de objetos que problematizam a participação de empresas privadas no período do governo de exceção. Também são abordadas questões como a perseguição a organizações sociais por agentes do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS) e o modelo de família favorável ao golpe de Estado.

“Vim de fora e me interessei pelas relações que existem aqui. Penso no quanto a arte pode discutir as relações sociais não apenas como discurso, mas também como intervenção”, destaca Pagatini.

Entre as obras expostas, está “Retrato Oficial”, com os militares em imagens que enquadram bocas fechadas e semi-abertas. A obra reúne mais de 9 mil pregos cravados na parede da galeria, e indica as relações entre o silêncio e o silenciar.

“Trago a lógica da reprodução de imagens, com a percepção do arquivo como elemento potente de análise da história. Mostramos o Estado como um braço de repressão em todo o processo”, diz o artista.

Questionado sobre qual a descoberta mais chocante dos três anos de pesquisa, Pagatini afirma que é complicado perceber como o período da ditadura ainda é um passado recente. “É tão próximo, que não falamos sobre ele. Isso não deixa de demonstrar um trauma, de alguma forma.”

Curadoria

Cearense radicado em São Paulo, Diego Matos é quem assina a curadoria da exposição. Também pesquisador, Diego ressalta a importância de fazer com que a produção cultural olhe de maneira mais apurada para o assombramento do período em que o Brasil esteve sob uma ditadura militar.

“A arte está olhando para isso, tentando desmistificar o passado e entender como uma denúncia. A própria crise política que estamos vivendo é um retrato da nossa dificuldade em realizar um processo de redemocratização, da estrutura de poder que foi mantida. Está mais do que na hora da produção intelectual voltar a debater essas questões”, conclui Diego.

Fissuras

Exposição de Rafael Pagatini.

Abertura: hoje, às 19h.

Visitação: de 29 de junho a 1º de setembro.

Onde: Galeria de Arte Espaço Universitário da Ufes. Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória.

Entrada gratuita.

Informações: (27) 4009-7853.

Fonte: Gazeta Online, 28/07/2017

Disponível: http://www.gazetaonline.com.br/entretenimento/cultura/2017/06/mostra-propoe-debate-sobre-a-ditadura-militar-no-estado-1014071210.html

 

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