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Educadores e alunos protestam em frente à Escola Costa e Silva em apoio a professor afastado

  • Publicado: Quinta, 16 de Março de 2017, 13h39
  • Última atualização em Quinta, 16 de Março de 2017, 13h39

Professores e alunos protestaram em frente à Escola Costa e Silva pedindo a recontratação do professor José Luis | Foto: Maia Rubim/Sul21

Fernanda Canofre

Os professores estaduais do Rio Grande do Sul começaram o primeiro dia de greve com um ato em apoio ao professor José Luis Morais, em frente à Escola Presidente Costa e Silva, no bairro Medianeira, em Porto Alegre. José Luís era professor da escola há oito anos e foi dispensado no início de março. A justificativa apresentada pela direção da escola ao professor seria o projeto crítico à ditadura militar coordenado por ele desde 2012.

O protesto desta quarta-feira (15) foi embalado com gritos, faixas e camisetas que carregavam a frase “Fora mordaça, fica Zé”. Desde que a história se tornou pública, na semana passada, o professor conta que o apoio a ele vem crescendo. Sua dispensa foi inclusive uma das pautas da reunião do Cpers – o sindicato dos professores do Estado – com o secretário estadual de Educação, Luís Alcoba. “Ele nos pediu desculpas pela truculência e ficou de encaminhar [soluções]”, conta Zé Luis

Segundo a presidente do Cpers, Helenir Aguiar Schurer, a dispensa de José Luís foi uma entre várias pautas sobre professores sendo “perseguidos” em escolas, que o sindicato levou ao secretário. Para ela, professores sendo demitidos, dispensados e relocados ataca, inclusive, o direito de greve da categoria. “Temos mais professores que estão sofrendo esse tipo de perseguição. Inclusive de professor se apresentar e ser perguntado se ele é grevista e se é sócio do sindicato”, conta Helenir.

O ato desta quarta serviu para marcar um repúdio do sindicato ao que eles chamam de “lei da mordaça”, a implementação do projeto Escola Sem Partido em escolas do Estado. “Não dá para perseguir professores de Filosofia, Sociologia e História, quando eles vão trabalhar aquilo que está dentro da disciplina e dizer que a gente está fazendo discussão política e partidária. É um absurdo, nós não vamos nos calar e queremos a reintegração do professor na escola”, argumentou Helenir.

Aluno da Escola Estadual Presidente Costa e Silva desde a 5ª série, Gabriel Brocca conta que só foi pensar sobre o nome do lugar onde estudava quando conheceu o projeto “De Costa para a ditadura”, capitaneado pelo professor Zé Luis. Gabriel participou da ocupação da escola no ano passado e foi um dos alunos que ajudou a rebatizá-la com o nome de Edson Luis.

“Quando a gente colocou o nome Edson Luis foi porque ele foi um estudante que morreu durante a ditadura do Costa e Silva e a gente achou importante”, explica ele, em referência ao estudante paulista que morreu assassinado por policiais militares e desencadeou uma onda de protestos contra a ditadura. A resposta do governo, na época, foi o AI-5, que endureceu a repressão. “A escola não debatia ditadura, a gente nunca falou. Tem o nome de um ditador, mas nunca se falava sobre isso. Só depois do projeto que a gente se deu conta que não vale o nome de um ditador para a nossa escola”.

O professor diz entender quem acredita que o nome da escola não faz diferença. Ele conta que muitos alunos dizem “Costa e Silva somos nós, não ele”, porque já se apropriaram do nome e se acostumaram a ele. Ele conta que dá aulas no Colégio Estadual Júlio de Castilhos, onde também trabalha o período da ditadura civil-militar, mas que na Costa e Silva sabia que isso teria outro peso. “Só que a gente precisa também trazer uma reflexão sobre o nome e seu significado (…) A gente deixa claro para os alunos que aquela placa ‘Presidente Costa e Silva’ não vai sair, em algum momento na História essa escola teve esse nome”, explica ele sobre a possível troca de nome.

“É importante saber o que foi a ditadura, que muita gente morreu, tem 500 pessoas envolvidas diretamente com a luta contra a ditadura que sofreram, mas tem indígenas, por exemplo, que a História não traz. Isso que a gente precisa trazer para a escola”, complementa o professor.

Professores se unem à greve nacional

O ato da manhã de quarta-feira marcou o primeiro dia de greve dos professores estaduais, aderindo à mobilização nacional decidida pelo Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), em congresso. Em assembleia, na quarta-feira passada, o sindicato decidiu que a greve será por tempo indeterminado. 

“Respeitme a educação, respeitem o nosso trabalho, nós não vamos aceitar qualquer tipo de retaliação à democracia, queremos discutir com o governo e com os deputados os projetos que estão lá e que nos atacam e queremos saber a posição dos 55 deputados sobre a reforma da previdência”, disse Helenir sobre os pontos trazidos pelos professores.

Durante a tarde, os professores foram à Assembleia e tentaram contato direto com os parlamentares.

Fonte: Sul 21, 15/03/2017

Disponível em: http://www.sul21.com.br/jornal/educadores-e-alunos-protestam-em-frente-a-escola-costa-e-silva-em-apoio-a-professor-afastado/

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