Ir direto para menu de acessibilidade.
Página inicial > Exposições > Galeria de exposições > A ditadura por sua agência
Início do conteúdo da página
Exposições

Apresentação  1964: A queda   1968: Cai o pano   Créditos

Criada por um decreto do então presidente Getúlio Vargas, em 1945, logo após a extinção do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), a Agência Nacional subordinava-se ao Departamento Nacional de Informações e suas atribuições incluíam distribuir à imprensa o noticiário e o serviço fotográfico de eventos ligados ao governo. Com a extinção do Departamento Nacional de Informações já no ano seguinte, o órgão ficou diretamente subordinado ao Ministério da Justiça. Em 1971, a Agência passou a transmitir, diretamente ou em colaboração com os órgãos de divulgação, o noticiário referente aos atos da administração federal e as notícias de interesse público, além da publicidade dos órgãos governamentais. A partir de 1979, a Agência passa a denominar-se Empresa Brasileira de Notícias.

O fundo Agência Nacional começou a ser reunido no Arquivo Nacional no início dos anos de 1980, quando ocorreram as primeiras doações. O conjunto inclui, também, documentos produzidos e acumulados pelo Departamento de Propaganda e Difusão Cultural e pelo Departamento de Imprensa e Propaganda, órgãos antecessores da Agência Nacional, datados dos anos de 1930. São filmes e registros fotográficos de eventos relacionados à Presidência da República e a pessoas e instituições diretamente ligadas ao governo; registros sonoros de discursos, e noticiários e programas musicais produzidos pela Agência; textos do programa radiofônico A Voz do Brasil, de boletins distribuídos à imprensa, discursos e resumos de acontecimentos nacionais e internacionais.

A maior parte das fotografias da Agência Nacional aqui apresentadas exibem o presidente da República em diferentes situações: algumas se assemelham a “flagrantes” fortuitos, outras a meros registros objetivos de eventos oficiais. São imagens que em geral se pretendem neutras, funcionando simultaneamente como uma espécie de prova e descrição de fatos e eventos que reforçavam a existência e autoridade do regime em vigor. Uma das características do jornalismo fotográfico, em geral, e dos registros oficiais, em particular, esta busca por neutralidade convive com uma produção de imagens que, para além de simples processo físico-químico, são realizadas por um olhar humano e, por vezes, institucional. As fotos veiculadas pela Agência Nacional exemplificam como as imagens produzem sentido, criam relações e explicitam visões de mundo.

Os dois anos cobertos pela presente exposição — 1964 e 1968 — marcam a queda do regime democrático e a definitiva radicalização do regime militar. Do comício na Central do Brasil às primeiras reuniões do Supremo Comando da Revolução, retratando um presidente cercado pelo povo e outro presidente avesso aos excessos de divulgação de imagens dos homens públicos, a primeira sala marca um período em que a efervescência das ruas e dos movimentos populares começaria a ser desmantelada pelo regime de exceção. A segunda sala, referente a 1968, registra o segundo presidente do período militar em variadas cerimônias públicas, como conferências na Escola Superior de Guerra e a instalação do Conselho de Defesa da Pessoa Humana. Encerra a exposição a sombria imagem de um presidente transmitindo a um povo que não o elegera uma mensagem que não poderia deixar de ser nefasta.

Viviane Gouvea
Curadora

registrado em:
Fim do conteúdo da página
--)