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Cúpula militar no Uruguai é demitida por omissão sobre assassinato na ditadura

  • Publicado: Terça, 02 de Abril de 2019, 15h30
  • Última atualização em Terça, 02 de Abril de 2019, 15h35

Torturador que confessou ter jogado corpos de ativistas no rio não foi levado à Justiça

 

O presidente do Uruguai, Tabaré Vázquez, discursa em Buenos Aires
Foto: JUAN MABROMATA 20-03-2019 / AFP

 

O Globo e El País
01/04/2019 - 14:25 / Atualizado em 01/04/2019 - 18:36

 

MONTEVIDÉU — O presidente do Uruguai , Tabaré Vázquez , decidiu nesta segunda-feira destituir o ministro da Defesa, Jorge Menéndez; o subsecretário da pasta, Daniel Montiel; e o recém-nomeado chefe do Exército, José González; além de outros dois generais. Eles são acusados de terem se omitido quando, no ano passado, um militar reconheceu ter atirado corpos no rio Negro durante a ditadura militar, de 1973 a 1985.

Foi uma investigação do jornal El Observador que revelou as confissões, registradas em atas do Tribunal de Honra Militar, do militar José Gavazzo. Ele admitiu ter jogado o corpo do ativista Roberto Gomensoro em um rio em 1973. Ele é considerado o primeiro desaparecido da ditadura uruguaia.

Políticos do país pedem que a Procuradoria apure se houve "omissão" dos generais por não terem informado a Justiça acerca dos relatos de assassinato. Há apenas dez dias nomeado comandante em chefe do Exército, José González foi demitido porque era encarregado das atas. Além dele, caíram o chefe da IV Divisão militar, Gustavo Fajardo, e Alfredo Erramún, chefe do Estado Maior da Defesa.

Gavazzo é um reconhecido torturador da ditadura uruguaia. Gomensoro foi detido em 12 de março de 1973 e seu corpo foi encontrado seis dias depois, nas águas do rio Negro.

Apesar do relato de Gavazzo, o tribunal concluiu que não houve violação da honra do Exército no caso. Apontou apenas, segundo o El Observador, que houve afronta ao Corpo de Oficiais e à própria honra ao deixarem o coronel Juan Carlos Gómez preso pelo que não fez.

Gavazzo também confessou ter mentido à Justiça sobre o caso, que culminou na condenação de outro coronel, diz o jornal. Três dos sete generais que ouviram as confissões integravam até esta segunda-feira o governo de Vázquez, que ficou incomodado por não ter sido informado sobre o conteúdo da confissão e das atas.

O Observador confirmou, no sábado, que as atas haviam sido homologadas pelo Poder Executivo do país, incluindo a confissão de Gavazzo. Os documentos também tinham a assinatura do subsecretário de Defesa, Daniel Montiel, agora demitido. Ele disse ao jornal que não havia tido tempo de ler a nota que eximia o assassino confesso.

Há apenas duas semanas, o presidente uruguaio havia destituído Guido Manini Ríos, então comandante em chefe do Exército, por críticas à Justiça do país. Ele havia criticado o julgamento de militares por crimes cometidos durante a ditadura. Vázquez nomeou para seu lugar González, agora derrubado pelo caso Gavazzo.

A destituição de Manini Ríos havia sido o primeiro confronto entre Vázquez, da Frente Ampla, de esquerda, com os militares.

 

Fonte: O Globo, 01/02/2019
Disponível em: https://oglobo.globo.com/mundo/cupula-militar-no-uruguai-demitida-por-omissao-sobre-assassinato-na-ditadura-23565497

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