Rasgar livros impede 'formação de visão crítica e democrática', diz ministério após vandalismo na UnB
Ministério dos Direitos Humanos lamentou episódio. Material será encaminhado à Polícia Federal.
Por G1 DF
05/10/2018 11h15 Atualizado há 6 horas
Após a divulgação da informação de que livros da biblioteca central da Universidade de Brasília (UnB) foram rasgados em páginas que tratavam sobre o "fim da ditadura militar" e a "luta por direitos humanos", o Ministério dos Direitos Humanos divulgou nota pública, nesta sexta-feira (5), lamentando o episódio.
No texto, a pasta afirmou que rasgar obras literárias sobre o assunto é uma maneira de impedir a formação de visão crítica e democrática do mundo.
"A construção de uma sociedade plural, pacífica e tolerante pressupõe a coexistência de ideias e leituras distintas sobre fatos incontestáveis da história recente de nosso país", apontou o ministério.
"Rasgar obras literárias que veiculam narrativas sobre as conquistas em Direitos Humanos é, em última análise, impedir a formação de uma visão crítica e democrática do mundo que nos cerca."
Também nesta sexta, a UnB informou ao G1 que ainda faz o levantamento oficial de quantas obras foram danificadas. Depois disso, o material será encaminhado à Polícia Federal, órgão que apura casos de dano ao patrimônio na universidade. Nenhum autor do vandalismo foi identificado.
Algumas das páginas rasgadas narram o fim do período da ditadura. Mostram, por exemplo, fotos da trajetória de luta social por mais direitos no país.
'Danos característicos'
O bibliotecário responsável pela reposição do estoque de livros afirmou, na quinta, que os danos "são muito característicos" e foram identificados em, pelo menos, sete exemplares. O funcionário preferiu manter a identidade em sigilo "por medo de ameaças".
"O fato vem ocorrendo desde o início do ano. Foi de pouco em pouco. Supomos que foram casos isolados, mas agora reunimos sete livros que sofreram o dano."
Os livros afetados são quatro edições da área de direitos humanos, um sobre a história do movimento pagão na Europa e, os demais, da seção de belas artes, sobre o renascimento.
Mesmo com a situação tendo sido percebida desde o início do ano, os servidores da biblioteca disseram que só passaram a suspeitar da semelhança entre os casos a partir da reincidência dos danos. A maioria em livros específicos sobre direitos humanos.
Os responsáveis pela biblioteca dizem que será difícil identificar o autor. As câmeras de segurança não mostram as estantes de onde foram tirados os livros e também não há cadastro de pessoas que entrem ou saiam do local.
Fonte: G1, Distrito Federal, 05/10/2018
Disponível em: https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/2018/10/05/rasgar-livros-impede-formacao-de-visao-critica-e-democratica-diz-ministerio-apos-vandalismo-na-unb.ghtml
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