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Livro narra trajetória de Filinto Müller, torturador e chefe de polícia da ditadura Vargas

  • Publicado: Sexta, 17 de Novembro de 2017, 15h11
  • Última atualização em Sexta, 17 de Novembro de 2017, 15h12

O historiador americano R. S. Rose morou por mais de 20 anos no Brasil e é um especialista na história do país. Coube a ele traçar um perfil pouco óbvio de Filinto Müller, militar que foi figura de destaque em determinado período político do país, tendo sido presidente do Senado, líder de dois partidos e chefe de polícia do governo autoritário de Vargas, dentre outras funções. Para escrever O homem mais perigoso do país, que chega às livrarias em novembro pela Civilização Brasileira, o autor recorreu a uma pesquisa extensa, que incluiu mais de 66 mil documentos, 500 recortes de jornais e material impresso, além de 165 itens audiovisuais pertencentes ao acervo da Fundação Getulio Vargas.

Filinto Müller serviu a quatro diferentes ditadores na história do Brasil, mandando torturar e matar suspeitos e adversários
Filinto Müller serviu a quatro diferentes ditadores na história do Brasil, mandando torturar e matar suspeitos e adversários
  

Filinto Müller serviu a quatro diferentes ditadores na história do Brasil, mandando torturar e matar suspeitos e adversários. Para entender sua trajetória, R. S. Rose conta a história de Müller desde seu nascimento, em Mato Grosso, em uma família de origem alemã, passando pela educação católica, até sua morte, em 1973, em um acidente aéreo no qual a esposa, Consuelo, e o neto Pedro também foram vítimas.

ORELHA (por Anita Leocádia Prestes):

“A obra de R. S. Rose nos ajuda a conhecer a trajetória de Filinto Müller: o oficial rebelde do Exército brasileiro – que na década de 1920 abandonou a luta, traindo seus companheiros –, facínora a serviço das duas ditaduras que infelicitaram nosso país

Durante a Era Vargas, o militar, fiel cumpridor dos desígnios do ditador, não vacilou no papel de carrasco. Torturou, assassinou e deportou presos políticos e cidadãos inocentes. Impossível esquecer a deportação de Olga Benário Prestes e de Elise Ewert para a Alemanha nazista, decidida por Vargas e executada por Filinto Müller, o qual jamais foi processado e punido. Mais tarde, a partir do Golpe civil-militar de 1964, Müller colaborou com a ditadura prestando apoio incondicional ao anticomunismo e ao autoritarismo dos generais que governaram o país durante 21 anos. Ocupou cargos de destaque, foi presidente da Arena e do Senado, tornando-se peça importante no esquema de sustentação de todos os governos militares e, em especial, nos períodos de maior repressão, como o do governo do general Emílio G. Médici.

Vale a pena, portanto, ler a obra de R. S. Rose.”

TRECHO:

“Filinto Müller era conservador, nacionalista e imperturbável em seu apoio a duas ditaduras, em guerra com um adversário persistente, seu adversário, a chamada ameaça comunista.

Ele foi um representante da geração de tenentes que pensava que eles, e somente eles, sabiam o que era melhor para o país. Sua receita para um Brasil melhor não incluía o comunismo de Luiz Carlos Prestes, mas sim a ditadura dos militares ‘sabichões’. Müller serviu aos governos autoritários de Vargas, Castello Branco, Costa e Silva e Médici com entusiasmos diferentes – mas os serviu.”

R. S. Rose nasceu na Califórnia, nos Estados Unidos. Tem doutorado em sociologia na Universidade de Estocolmo, na Suécia. Viveu 22 anos no Brasil e já escreveu cinco livros sobre o país, entre eles “Johnny: A vida do espião que delatou a rebelião comunista de 1935”, em parceria com Gordon D. Scott, lançado pela Record. Foi professor visitante na Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Fonte: Jornal do Brasil, 15//11/2017

Disponível: http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2017/11/15/livro-narra-trajetoria-de-filinto-muller-torturador-e-chefe-de-policia-da-ditadura-vargas/

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